sábado, 25 de julho de 2015

Colorados, aceitem: existem times melhores do que o Inter

                Demorou, mas aqui está a analise da eliminação colorada na Libertadores. Problemas pessoas impossibilitaram que a mesma fosse produzida antes, mas a verdade é que dois dias de atraso não mudaram em nada minha opinião referente a atuação apática dos comandados de Diego Aguirre no estádio Universitário de Monterrey, que esteve lotado para festejar o triunfo do Tigres por 3 a 1 (Saiba Mais).
                Muito se perguntava se a postura do Internacional em solo mexicano seria ofensiva ou defensiva, na realidade não consegui identificar qual foi à estratégia escolhida. Afinal, o time gaúcho não defendeu, muito menos atacou, somente assistiu o adversário desfilar em campo aos gritos de “olé”.  São vários os fatores responsáveis pela eliminação colorada, principalmente o Tigres, que teve a segunda melhor campanha geral na primeira fase e se reforçou ainda mais na parada para a Copa América. Gastou milhões de dinheiro para trazer jogadores pontuais de fechamento de equipe, que foi muito bem preparada e escalada pelo brasileiro Ricardo Ferreti.
                O ponto fraco dos mexicanos era a defesa, que mesmo sem grandes nomes soube se posicionar de maneira adequada e sólida. O meio-campo era encabeçado por um volante de experiência internacional, marcador e intenso. Arévalo Rios foi um gigante, fez gol e deu liberdade para o poderio ofensivo amarelo deixar em parafuso a retaguarda vermelha. Aquino foi um monstro, atordoou os defensores – especialmente o jovem Willian – e foi o craque do jogo, com um futebol de dribles rápidos e objetivos. Jürgen Damm foi pouco citado e lembrado, mas de maneira discreta ganhou todas do lado-esquerdo adversário. A dupla de ataque, principal setor do Tigres, foi a cereja do bolo, a que deixou o passeio mais elegante e avassalador.
                Rafael Sóbis e André-Pierre Gignac merecem um parágrafo especial. Foram eles os donos do duelo de 180 minutos. Chamaram a responsabilidade de serem os craques e principais esperanças dos mexicanos, envolveram os defensores gaúchos e deram liberdade para Damm e Aquino flutuarem em campo. O atacante brasileiro é o dono do time, aparece nos dois lados e pelo meio fazendo de tudo: corre, encurta os espaços, marca, dribla, cruza e finaliza. O menino de Erechim faz de tudo, só não fez o gol porque Alisson lhe impediu, nos dois jogos. Já o camisa 10 mostrou porque foi contratado por um caminhão de dinheiro, simplesmente porque é craque imperdoável. Centroavante de Copa do Mundo, com a frieza de um europeu que sabe crescer nos momentos de maior importância. Não foi o melhor no Beira-Rio, nem no México, mas sempre esteve entre os melhores e foi o craque da semifinal, um gigante de alta categoria e também barrado, às vezes, pelo goleiro colorado.
                Junta todos esses fatores do Tigres, soma a confiança de quem está brigando pra fazer história e que teve um estádio completamente entupido de torcedores fanáticos empurrando um time cascudo e pronto pra ser o primeiro mexicano a vencer uma Libertadores. Tudo certo para a classificação, o Inter era um mero detalhe no meio de um Vulcão Amarelo. Os mandantes foram merecedores, os principais responsáveis pela jornada infeliz dos colorados. Venceu o melhor, mais bem preparado e inteligente num duelo de 180 minutos.
                É verdade que Alisson foi um gigante nos dois jogos e impediu um revés ainda maior; que Juan nada pode fazer em meio a tanta instabilidade de seus parceiros de defesa, especialmente nas laterais; que Rodrigo Dourado ficou exposto diante de um meio-campo apático; que os atacantes sucumbiram e que as substituições foram feitas de maneira incorreta. A estratégia deu errada, o planejamento foi falho. Tudo isso é fato, mas a maior invenção do momento é que o Inter perdeu pra ele mesmo. O Colorado foi prejudicado por seus defeitos, entretanto o responsável pela derrota vermelha foi o Tigres, que soube aproveitar o que líder do Brasileirão não conseguiu – as deficiências rivais aliada a sua capacidade.
                Vamos parar de achar culpados, até a semifinal estava tudo certo e nos conforme. O Internacional estava pronto pro tri, para os demais. Pra mim nunca esteve, mesmo que sempre apontei o título vermelho como uma grande possibilidade. Boca Juniors e Tigres eram os adversários a serem batidos pelo Colorado. A melhor campanha foi derrubada pelo seu próprio torcedor, e a segunda está na final como franca favorita diante dum tradicional River Plate. Já eram meus favoritos quando conhecidos os semifinalistas, imagina depois das contratações e do atropelamento diante do “maior clube sul-americano da última década”, segundo os próprios jogadores do Tigres chamavam e não temeram em enfrentar.
    Chegou o momento de baixar a bola, de admitir que o Inter foi inferior ao adversário e tentar se recuperar no Brasileirão, achar culpados e menosprezar o vencedor é uma burrice repetida que o torcedor colorado comete todo ano, à cada fracasso e eliminação. Não é vergonha ser eliminado numa semifinal continental, vergonha é reagir da maneira que estão fazendo.

por Ed Andreick Moreira Wisniewski

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